quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A COR DA TUA PELE

As palavras soltam-se por entre o branco do papel, escrevo com vontade de escrever...
Pinto o céu de cores douradas e a cor da tua pele brilha suavemente por entre o tamanho da tua alma.
Sim, continuo a escrever para ti, menina dos olhos de água.
Quando nasceste houve uma "grande" curiosidade entre os familiares e amigos, de que cor seria a tua pele?
Os telefonemas que recebi foram muitos e alguns deles diretos e claros, e foi nesse instante que tive a certeza que para algumas pessoas a cor da pele pode ser muito importante.
Disfarçadamente fui apanhando alguns comentários pronunciados a meio tom, se a bebe seria branca ou "pretinha", pois...nada mais natural, se o pai é negro e a mãe é branca, provavelmente será "MULATINHA".
Por acasso nasceste de pele branca e olhos verdes, que surpresa para alguns, que decepção para outros, eu aceitei-te como és, a minha menina dos olhos de água.
Ainda hoje passados dois anos, continuo a ouvir que provavelmente ainda podes escurecer...como se esse fato pudesse ter alguma importância em nossas vidas.
Não, não tem nenhuma importância, acho triste e ridículo que se perca tempo com estes fatos, mas a verdade é que eles continuam a perdurar nos nossos dias.
O que está visivel ao nosso olhar, nunca deveria constar de uma folha de registo consciente ou inconsciente, de que serve uma imagem sem sumo, seca e podre colorida de tons cativantes?
Avaliar uma pessoa pela cor da pele ou pela imagem, é concerteza uma forma injusta e cruel de estar na vida!
Desprezo e ódio existem por todo o lado, perdemos tempo com entretantos e fatos tão mesquinhos e secundários que acabamos por não ver o lado bom e saudável da vida, a inteligencia não se mede aos palmos, a nossa alma e o nosso eu, não tem cor, seremos concerteza" grandes pessoas "por aquilo que somos e não por aquilo que parecemos.
Aprendi a não ser preconceituosa e a não me deixar levar pelas aparências, que por vezes iludem e cegam.
O racismo existe, e a cor da pele pode ser um registo de identificação para algumas pessoas, tal como a aparência, ou o fato de pertencer a determinada classe social, não vou comentar, apenas limito-me a a sentir-me orgulhosa por não possuir dentro de mim esse sentimento mísero que reveste as partículas do ser.
As crianças são a luz de um novo dia, elas vislumbram o mundo no olhar, tecem sonhos de esperança e magia, que culpa poderá ter uma criança dos ódios entre raças e das guerras que despontam ainda dentro dos homens?
As crianças merecem um mundo melhor, onde os preconceitos e as injustiças sejam apenas um jardim de flores perfumadas, uma amálgama de alegria pintada de todas as cores, um sorriso aberto alimentado de afecto, e uma mão que espera por ti...
Deixem as crianças pularem de alegria, sem "medos e fragilidades"!
As crianças grandes gostam de abraçar o sol e lavar as mãos num mar luminoso, brincar ás escondidas e soltar as amarras que escurecem a madrugada.
Vamos colorir o teu sorriso de todas as cores possiveis e imaginárias!
Eu sou uma "criança grande" e continuo a escrever para ti, Lua.
«...perguntei aqueles miúdos o que é que eles fariam se lhes fosse dada uma completa liberdade para modificarem o comportamento dos adultos como eles quisessem, o Pedro respondeu:
«Se fosse eu, eu dava-lhes os conhecimentos que têm as crianças agora porque eu acho que assim os adultos iam-nos compreender melhor.»
Quer dizer, no fundo, fazia reviver nos adultos as crianças que existem dentro deles.»

João dos Santos

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